Na zdravie! Erguem os copos cheios… não é um mito que a maioria dos solteiros e desimpedidos que põem o pé num casamento, acabem a noite enrolados em lençóis alheios, bem ou mal fodidos. É perfeitamente compreensível, estão apresentáveis, arranjaram-se a rigor para a ocasião, resgataram das traças o melhor fato guardado no fundo do armário só usado em cerimónias do género, ou então, compraram propositadamente uma fatiota nova, algo mais na moda que irá ver a luz do dia uma ou duas vezes na vida. Provavelmente, e pelo que me é dado a observar, foram ao cabeleireiro, manicura e até pedicura, e não falo só das mulheres. Alguns fizeram dietas durante semanas para caberem num número abaixo… pelo menos é o que me diz a tradutora de espanhol ninfomaníaca.
Mas ser solteiro, desimpedido, sem compromisso num casamento, não é fácil, há dedos que se apontam, os anticristos da sagrada comunhão, adoradores do demo… são tratados como se fossem a equipe adversária, sentados numa mesa à parte, com a distância apropriada não vá aquilo ser contagioso. Nem toda a gente está sozinha por opção, e mesmo os que estão, vêem aqui a oportunidade de comerem uma refeição decente, aproveitando-se dos que ainda acreditam em contos de fada e procuram a metade que os vai acompanhar até à velhice… ou não! Bem vistas as coisas, um casamento dá-lhes esperança, é a lógica do: “se aquela lambisgóia gorda conseguiu arranjar um marido, eu também consigo!”
E depois há a bebida, quem consegue aguentar tanto brinde à noiva, aos noivos, aos pais da noiva, aos pais do noivo, avós, irmãos, aos cães do padrinho, tios-avós, primos de parte das coxas… por ai fora! A bebida é seguramente 70% da causa, pronto, diria que pode depender de caso para caso… neste eu corro o risco de dizer que é de 90%.
Quando acabou de almoçar o arroz com frango e cogumelos juntou os talheres com ar satisfeito, os outros já faziam descer pelas gargantas menos quantidade de champanhe, derramando cada vez mais o conteúdo das taças nas toalhas, de brinde para brinde.
-Tens de me compensar, disse com ar provocador. Que pena ele não entender português, estava tentada a oferecer-lhe a sobremesa… Levantei-me descalça e agarrei-o pela mão, conduzi-o por entre as mesas até ao fim do jardim e inicio do cimento, onde calcei apoiada no seu bíceps braquial bem trabalhado, os meus saltos pretos em cetim abertos à frente, com a típica sola em vermelho Christian Louboutin.
-Onde vamos? Perguntou sem se importar em receber uma resposta. Não estávamos muito longe, dois quarteirões e entravamos numa das avenidas principais, rasgada por uma fonte e abraçada pela sombra de pequenas árvores que cresciam de ambos os lados em terreno relvado. Escolhi uma mesa com sombra na esplanada e decidi os sabores dos gelados sem lhe pedir opinião, ele limitou-se a olhar para mim com um ar divertido mas misterioso que muito me atraia, e para o manter assim, pouco falamos o resto do dia, não queria saber nada sobre ele e ele também nada perguntou sobre mim.
Do outro lado da avenida o Radisson Blu Carlton, e um quarto com vista sobre o Danúbio. Desapertou-me o vestido fazendo-o descer pelos ombros, os lábios percorreram o pescoço causando um arrepio, deixei-me sentir, entreguei-me à habilidade das suas mãos que me acariciavam intimamente. Voltei-me para o ter de frente, lábios nos meus, enrolar a minha língua, aprisiona-lo pela boca, enquanto lhe despia a camisa. Cheirava deliciosamente bem, a pele macia, bem barbeado, um tronco musculado que me agarrava e comprimia para o sentisse viril. Estava desejosa para o ter, pegou em mim e sentou-me num sofá junto à janela. Voltamos ao encontro das bocas, e depois ele foi descendo, explorando o meu sabor, até a língua entrar em mim sem rodeios, até me deixar perdida, curvada de prazer empurrei-o para trás, para o puxar de novo para mim. Desapertei-lhe as calças, acariciei-o sobre os boxers, conseguia ver a ansiedade crescer-lhe à medida que as minhas mãos brincavam e a minha língua deslizava pelo lábio superior, num gesto que demonstrava gula. Saboreei-o, primeiro em lambidelas, como um gelado, depois sofregamente por inteiro.
(publicado a 18 de Agosto de 2011)